sábado, 2 de outubro de 2010

A inutilidade de dizê-lo

Eu enxergo cada detalhe dessa nossa comunhão unilateral, sou só mais um dos que te ama, sou só mais um que estuda e brilha e chora e reclama do corpo. Mais um que morre e fuma (nessa ordem), sou mais um entre tantos e isso vai me enlouquecendo gradativamente. Não fui eu quem inventou estas letras nem estas palavras, tudo estava pronto. Tenho que duvidar de tudo: do que sinto, do que escrevo, da lógica interna (quase um líquido) que escorre por mim enquanto penso no que falo. Nada disso é meu. Quem sabe se eu teclasse assim uns ashesnklcs,s sduilwçklaslllsslsl assim ao sabor do meu humor e talvez fosse algo de uma linguagem mais pura, mais minha, e eu acreditaria que sairia de mim na direção mais certeira, uma direção que não teve outros autores, inventores, só eu que teclo desenfreadamente, crendo que tudo o que sinto e tudo o que teclo só podem ter uma relação de algo tão íntimo com algo tão íntimo que não podem ser menos do que: EXPRESSÃO. Mas não. Tenho que escrever. No meu português, com letrinhas em fila (alguém me disse que isso também era como sentir). É por isso que escrever nunca enxuga a enxurrada do mundo, porque são pontos e vírgulas e regras de uma constituição que tinha tudo pra falir com nossos ardores, com nosso tudo! kljçasjlksljk, queria dizer de outra forma: sinto tal, sinto isso, sinto aquilo. Escrever assim, legível, compreensível, literário, me faz e fará algum dia ser isso: um mais. Mas se eu hei de batucar no teclado uma canção do meu ritmo próprio, sem ordem na fila, sem ordem na ideia. Oh! kjjkskljaslwlsdklj\ezlkaleo, você escutaria? Você entendeu?

porque precisamos ter mais atenção, disponibilidade e carinho, como com flores.