sábado, 29 de janeiro de 2011

Ardentidia

Era um belo fim de tarde no lago, quando descobri que a minha (c)alma nunca iria chegar.

As horas do dia têm suas caras pra mim, eu as sinto com seus poderes únicos, irreproduzíveis. Minuto a minuto mutáveis. Percebo nos silêncios e nas transições desse trabalho velado, que o Sol tem um respeito para cada uma das horas e cada um dos seus choros.

Meio dia, sempre vejo, é quase ensurdecedor. Ele é longe demais das beiradas do dia e as coisas batem frio no coração com ignorância e desespero.

A tarde amanhece, às duas, sempre outonal. A tarde é um espírito envelhecido que não tem pressa, nem ilusão. Suave e ensolarada, espiã dos apartamentos altos com senhoras frustradíssimas trancadas dentro, cruelmente extensa: a tarde e seus lanchinhos, seus chazinhos, seus expedientes fechando e dando lugar ao santo prostíbulo da noite.

A minha alma nunca terá zelo, calma então... a noite estuprou tudo que eu cultivei por anos, casto, dormindo cedo. Arranquei roupas e fedi, entortei rosto, comi esterco. A(`) noite. É um pote com lama grossa e pantanosa, quando se coloca a mão pela primeira vez parece que sequer afunda. Depois é moroso e sensível o trabalho bendito da noite, suas amarras e seus gastos sem fundamento.

Cada hora tem seu aviso de corra, de morra, de não. É possível, quem sabe, entendê-las, fazê-las fluidas, mas não adianta fugir:

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

saia da minha casa

é tudo que quero dizer quando peço insistentemente que entre.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Enquanto não venho, venho.

- Oi, férias.

- Oi, chuva.

- Tá que chove aí?

- Chove o universo, o céu vira um pretume, mas passa e os pardais praga começam a cantar de novo.




.
.
.
.
..

domingo, 16 de janeiro de 2011

quero ser feliz de vez em quando

1>

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eu nunca

Não me lembro de ter sido adulado.
Não me lembro de quando gritei e fui ouvido.




Sou adesivo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

querer, ser. crescer.

Eu estou aqui, antes da próxima vez que estiver e quem eu quero ser? Pergunta forte, eu tomo café de manhãzinha com o cheiro do meu gato novo pela cozinha, saio e levo minha bolsa marrom debaixo de chuva pra ser quem? Eu me desdobro em amar gente querida, eu colo nesses meus amores como quem acredita em algo maior do que nós, eu me dedico, eu sorrio e até desculpas eu peço, quem serei eu com isso? Eu sou quem? Quem sou esse que quer escrever sem mesmo saber se ajuda, esse que tem saudades de Madrid e do rio Tocantins, se tanta água, parto e caixão os bem separam. Pra quê? Pra quem? Pra onde? Por que silêncio se não me importo? Quem quero ser me explicará? Quem serei que ainda não sou? Onde nos encontramos? A que altura da vida ou do peito? Por quê?: tanto chão, tanto não, tanta palavra pensada... quem serei eu quando sentir saudades do que sou hoje? Quem quero ser quando (me ver) morto? Pergunta forte, não dá pra querer acima da velocidade cruel do ser. É correria demais.

Não se quer sem ser, não se é sem querer. Vida: se não posso lidar com o inexplicável, toda a minha existência tem o tamanho e a pobreza deste instante e já não posso querer mais nada.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Vinte

tro ano. Neste ano serei maior do que o ciclo que arrasta a um ou