segunda-feira, 27 de maio de 2013

IV

Dentro importa quem escute?
Sai algo que não se pressente
O que há dentro, em mente?
O que se nota
afetado,

o que não desenrola

com toda a experiência,
todo o fado, o enfado
o desvendamento, as belezas
baixias e elevadas

O que fica e agarra?
Que bata na porta
espalhe porra, leite, mel
E falte água

O que é saudade
Senão sorte estranha de descoberta
Com toda a graça
duvidosa, nebulosa e lamacenta

Que não queima, nem arrasa
Não destrói, mas só fermenta
lenta,
lenta-lenta: lenta

domingo, 26 de maio de 2013

Janela aberta, vento

Cê faz amor comigo
Cê faz amor com outro
Assim como eu vim
Cê veio
Eu vou
Cê vê
E vai

sábado, 25 de maio de 2013

Sou um viajante


num lampejo,
uma outra cor
e um descampado
uma casa sem teto
e com nada à volta

eu não estou lá

terça-feira, 21 de maio de 2013

Amar sempre

como alguém que sai de casa consciente da morte

dasein

domingo, 19 de maio de 2013

Não há livre arbítrio

Dó-ré-mi-fá-sol-lá

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Meu amor, as fotos sumiram

acordei e tudo estava branco

domingo, 5 de maio de 2013

Eu sei

me queimo carinho entro dentro aqueço aquecido emito ondas de amor que te abraçam e protegem milhões de anos para trás e para frente tanto que te amo e te quero e te desejo sem fim no pensamento mais íntimo tudo que geme em mim fala sobre te amar e das coisas que aprendi com esse amor desenhado no tempo no espaço no corpo enfiado no fundo de mim mesmo sempre ressucitado e bem vindo vem quente te amando quentinho reluzindo diante de céus abertos num espelho sob a pata explosiva de um frevo alegria nos teus olhos conhecidos de cama eu sempre volto e voltarei e de dentro emito ondas de carinho e embriaguez que te alcançam em qualquer parte do globo che ga pela glândula pineal seu sexto sentido pra lá dos cheiros que sobraram em nós o medo de que tudo não dure ou ainda de que tudo continue assim maravilhoso e caloroso na nossa loucura de amor que não passa não cessa circula num caminho bonito de palavras seletas reprimidas sedutoras e eu de novo deitado sua cama seus olhos sua mão uma dança uma explosão de sentires um homem maduro vai entrar de novo pela porta por onde saiu me abraçando verde verdinho-hortelã e respirando vamos ponto por ponto tudo de novo indeléveis marcas emanando cheiros gostos calores e suspiros