sexta-feira, 29 de julho de 2011

pinto

algumas mulheres se travestem por ele, fingem por ele, se fodem por ele. depois estufam o peito e mostram força por terem um vibrador

algumas mulheres se travestem com ele, fingem com ele, se fodem com ele. depois reclamam

buceta, dinheiro e afins

quero saber e sei que um dia eu vou amar alguém pra morrer por ele como desculpa para meus apelos e colos.
vou ser igual, não no sentido negativo da palavra, vou beber e fumar pelo amor glorioso.
nossos corpos vão se fundir e a gente vai jogar cegamente, ter ciúmes e quem sabe um dia (enfim) morrer em paz.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

meus generosos olhos

fui olhando no olho. sentei-me no chão com a nádega vacilante. apoiei meu braço suavemente na lateral do seu corpo, nessa abertura entre o braço recostado e o tronco rente ao chão. desci na curvatura possível do dorso, dobrando coluna. deixei meu rosto na posição do seu estudo.

montado pro seu deleite.
cansado da discussão da hora. sobre teatro e teatro-quê.

feliz de entrega, tive tanta certeza da sua beleza que percebi que era levemente estrábico, meu amor.

bonito, ainda que estrábico.

movimento do mundo (cíclico)

estar feliz: uma deixa para estar triste.
estar triste: deixa pra feliz.



volta e meia: chão.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Verdades impublicáveis (quase obsoletas)

É difícil. Eu venho de tão longe. Eu vinha com imagens demais na cabeça e quando vi já colocava você nos entres das minhas convicções. Confuso, leviano: eu. Acho difícil, sabe. As coisas vão aparecendo ao longo do dia em que estou só eu e você, nossos encontros de meninos, tão íntimos. Aí eu vejo um filme, ouço qualquer coisa, troco de cidade por um dia: e a vida começa a pedir passagem (- onde estava? - aonde vai?). Vem e te derruba, vem e me questiona: será que eu te amo? Será que você sequestra meu tempo e me emburrece e me humilha? Será? E se você não sabe que eu penso tanta coisa... e se não sabe que eu sou rio e que sou perverso e que adoro nudez. Por vezes te achei patético e tive pena, desejei rasgar tudo (- onde, onde). Mil outras vezes pensei que não resistiria se você pensasse o mesmo de mim. Injusto. Sou egoísta, amor? Te traio, me traindo. Tão logo te machuco, sou eu quem se machuca. Eu sou bom. Eu sou tão bonzinho... nossa! Sou louco. Você é estranho, existe tão bem na inexistência. Minha presença te inibe, minha ausência parece até que te ativa. Mil perguntas que só ouço depois. Pra quê tanta pergunta? Depois de te ver eu fico fraco, passou da hora, não dá pra ouvir. Se não for olhando nos olhos, é fácil demais. Mas é quando você se lembra de me dizer as coisas: no depois. Por que não comigo? junto, partilhando... eu te amo, ué! Por que você não é de falar? Por que é que eu não aceito que é assim? (adolescente, adolescente: olha esse texto, que coisa, parece que não venci nada do que venci. É um desafio. Esqueci o futuro e escrevi.). Quero! Não quero! Produziríamos, discutiríamos, que alegria! Eu só queria te amar até vencer o prazo. Mas você se cansa, porra, você não cuida de mim. Você vai embora e eu não sei se é desprezo ou ignorância ou indiferença. Eu diria que não era sequer pra pensar nisso, e ser feliz de sexo e de joguinhos de ter vergonha de você. Só isso: eu olho, você olha, eu olho, você foge. Quem é você? É muito ou muito pouco? Eu sou grande, sabia? Tem gente que diz que treme ao me ver. Tem amores que eu desprezei, mas você: eu quis. Eu não quero! Eu quero! E... aí eu vejo: você também é isso tudo. Que merda, que coisa, que óbvio. Você é lindo e cobiçado e monstruoso. Queria te dizer: - quanta pretensão ou - quanta falta de pretensão. Seus dois maiores defeitos. Tanta boca na sua boca. Eu não ligo! Eu nunca liguei pra esse tipo de distância, só passei a me importar porque ainda não entendi quanto foi que regredi, a que estado nascente retornei. Quanto é que isso tudo me faz mal e bem (se fujo). Não... esqueça. Meu querido, meu bem, meu não-sei. Eu sou tão normalzinho, posso não ser nada disso amanhã, mas perder o medo é coisa que não posso fazer todo dia. Ai! Que doce mentira! Perdi o medo e te disse tudo que penso (ai! Será?). Esse é meu delírio mais carinhoso. Seria um crime se você não lesse cada palavra com a densidade devida! Ai! Não... nada a ver. Não tenho medo: você não vai nem responder, agora vou ficar por baixo, no baixo. Ou não! Quem sabe até incrivelmente soberano. Rei de nós. Eu só queria te dizer que não sei porquê ficar longe, nem sei porquê ficar perto. Ainda quero você perto-longe. Me fala coisas na cara, me olha feito um brutal conhecido (sempre!). Por favor! Nunca se envergonha de mim. Te coloquei tão dentro. Volte e não volte sempre que quiser, sem pudores, sem jeito. Isso é um abandono e um convite. Eu sou o mesmo que te escreve, seja em que via dos constrangimentos nos encontremos. Olhe pra dentro: lá estou eu. Dentro dos olhos: estou eu! Confia em mim. Uma tarde dessas vou beijar você suavemente e pensar, redundante: - que simples. (- eu sei)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

nada como um atrás do outro

febre, garganta;
tênis, portão;
videotape, calma;
pecado, pecado;
chiclete, suspiros;
dinheiro, gasolina;
saudade, londres;
vontade, estrada;
amor, não sou eu de novo;
menstruação, alívio;
eu, toneladas de pluma.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Adaptação ou pequenos prazeres

Janela grande e aberta
E sol que inunda a sala branca de férias
Cheiro de almoço madurando em fogo
Vento frio no corredor dos quartos

Nomes de coisas em que não pensava há anos
Santa satisfação com ideias próprias e geniais

Orgasmos com pleno ar nos pulmões
E desconhecidas canções com violinos singelos

Tempo com jeito de foto: impossibilidade da vida
Magia de conceber, desespero em traduzir,
desespero em ser, magia de agir.

Concreto que é concreto, se não é.

terça-feira, 5 de julho de 2011

e Raízes

somos

domingo, 3 de julho de 2011

des illusions, desilusão

E havia este homem que deslizava incessantemente pela superfície de um círculo. Pela parte de dentro, percorria toda a linearidade bidimensional daquele círculo de reinvenções. Vermelho. Quantas vezes já teria colecionado essa volta? Em que ponto havia começado? Ponto por ponto, encontrava as pessoas na encruzilhada possível dos ventres, as mesmas pessoas nos mesmos pontos. Minhas tias, Úrsulas cascudas, me ensinaram que se pode viver pouquíssimo com o pouco de si. Desenhar a vida em possibilidades cada vez menores é também uma garantia de vê-las sempre cumpridas. Meu mundo: meu quintal. Pelo menos o tenho sob a vista. Amei alguns dias desde abril e fiz piruetas maviosas com o corpo e com o espírito. Não sei dizer por onde passei. Sou aquele homem, deslizando na parte interior do círculo, a ponto de se fazer indiscernível se é ele ou o círculo que se move. Virão outros amores e outras dores, são poucas ideias, minhas tias já sabem. Quem nunca repetiu os erros, jamais enlouquecerá. Saibam, no entanto, que não há redenção sem loucura. Podem seguir rezando: não há.

(e tenho dito que por trás do círculo um imenso branco engole a dimensão do aro e envolve toda essa incerteza em imenso vazio fútil. A difícil estrada entre sabedoria e insanidade continua conjugando as vias. Ora seguir e seguir, ora seguir e voltar.)