segunda-feira, 27 de junho de 2011

Minas Gerais

o que foi isso que eu trouxe no bolso?
histórias, fotos, tristezas, gargalhos de felicidade, muito chão, frio e cafés.

vim e te trouxe uma foto, pensei tanto, tanto...
tem gente que fica mais que abraço,

demorei a postar e perdi a corrida de dar o cú, de nova à velha saudade

domingo, 19 de junho de 2011

Eu: determinante

Qual é a cor do mundo numa dimensão sem testemunha?

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Quais livros ver, quais árvores ler.

As mentiras me ajudam a ser mais verdadeiro. O que é que estou fazendo todo esse tempo que ainda não li os clássicos todos, os simbolistas, os realistas, toda a geração de 30? Cadê eles todos em mim? Tenho vintinho na cara lisa, já li céu demais, rostinhos bonitos, já li com os dedos nos cantinhos dos corpos, leio, leio, leio, sem emagrecer. Leio e não fico forte. Quantas tardes desperdiçadas. Quantos não-mergulhos. Se o mundo se estabelecesse numa lógica identitária do não, ai dele. Eu sou tão não-fiz o que quis. E o que faço agora? Estou não-lendo, não-dando atenção à minha mãesinha, não-ajudando projetos e propostas das quais tanto não-duvido. Ai, meu português, uma lente vocabulosa do mundo, língua de articulações. Eu decodifico as árvores, a rachadura da parede, mastigo, rumino todas essas imagens e elas assim metabolizadas se transformam em paisagens dentro de mim, meus mapas, carregados de história. Quem vai me dizer que não li ou que não-li? Eventualmente, aos 50, um colega de intelectualidade, outro pobre coitado como eu, me indagará: e anda lendo o quê? Responderei que ando lendo qualquer coisa entre chinelo velho e vontade de ir ao teatro um pouco mais. Letrado, pensará o meu amigo questionador, Letrado, sim. Este senhor tem olhos bem cansados.

sábado, 11 de junho de 2011

Buracos

A intimidade é furacão derrubando casas e mão dos deuses: reconstrói. É burra. Os rincões mais obscuros se arrebentam escancarando mil portas, luzes de cinco sóis inundam os porões sujismundos da alma. Os limpam. Os sujam mais. A intimidade vira líquido denso, pasmaceira alegre, doce sabedoria da insistência. Desierarquiza as linguagens, inutiliza a fala. Impõe pavor nos corpos, vontade de dilacerarem-se no abraço mais carinhoso até um peito projetar-se no outro e tudo implodir. Arrancar pedaço. Mais perto, dentro, rasgando, sangrando, nas orelhas, nos cus, as narinas querendo inspirar espíritos. Ai que letras, nos olhos, tudo bem rápido, tudo varia, tudo entendido na gramática dos gestos. Se fosse uma cor, seria soberana nos arcos. É roupa. É nudez. Vai ficando maior e maior. Que medo! A velocidade dos códigos dos nossos órgãos tão íntimos, tudo vai ficando imenso, inapreensível, vão sendo ares e ventos, cochichos internos. Coça. Desesperada e simples, ela reinventa o mundo dentro de todas as impossibilidades possíveis. Se subleva da nossa condição. Desumana. E quando a incongruência de dois universos vira qualquer coisa que comprova o vazio da imensidão, dorzinha obsoleta, olha pra esses olhos vazios, que não sabem nem gaguejar. Olha! Olha! Vai embora e dá lugar a mais dedos e mais neurose. Tudo de todos nas minhas mãos pra me amparar nessa loucura furiosa. (por favor)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A serpente

Era má, Gaivota, a serpente. Era má. Certo dia, deslizando pelas campanhas imensas daquela terra donde nunca saíra, refletia sobre transformar o mundo, as sociedades, os tempos. Ideias rarefeitas, inoperantes. Gaivota já sabia que morreria ali mesmo. O tempo mata as vontades. Sabia também que não fazia nenhum sentido rastejar, rastejar, comer, rastejar. Sequer piscar era um direito dos seus! Pra quê? Pra quê mundo? Ficava na beirada de um horizonte vendo terrão até no limite do outro: território do absoluto e do homogêneo. Maldita vida sem vida. Não hei de agir?

Pra quê? Pra quem?

E tinha ser tolo que lhe tirava a paciência e a fazia pensar em sequer se reproduzir. Pra quê!? Vivia transcendendo, mas não saía dali. Se soubesse que o horizonte não acaba nele... Nisso nunca pensou. Bobinha. Via uma folhinha verde do lado de uma amarela e já desatava a pentear a mente: tantas associações geniais. Ninguém soube. Só eu e eu nunca contei pra ninguém. Nem lembro mais. Folhinha verde, folhinha amarela, ourinho, chuvinha, tristeza crua, felicidade madura, azul, verde, amarelo, irmão e irmã. Besteira! Parava de pensar. Não dava conta: pensava no parar.
Gaivota passou a vida assim que não fez nada de útil. Só pensou. Pensou demais! Morreu perplexa. Tadinha.

sábado, 4 de junho de 2011

Crepúsculo

Guarda-chuva rodopia vagando na praia. Terminou o amor. É tudo sem direção nem prumo, será que isso ajuda a crescer? Cada conversa faz brotar um universo, uma vergonha, fecha três mil futuros. Terminou o amor. Deus do céu, que maluquice. Algodão se despedaçando sozinho. Cozinha inteira suja de bolo de chocolate. Os móveis todos de cabeça pra baixo. Termina. Na rua, um carro batendo no outro, todos batem! Chove telhado, de baixo pra cima. Nunca vou ser famoso, se continuar sendo louco. Terminou, terminou. O mundo não vai nos admitir assim, eternamente jovens. Deixa eu envelhecer, preciso das coisas no lugar. Cérebro estourado, tem nada a ver com coração não. Olha lá. O negócio vai voando na praia, a praia imensa. Uma hora eu paro e fico sóóó olhando...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Meu bem

Conheço você, que essas mensagens vêm da alma, pelos canais do interstício desse mundo. Vêm cheiros, vêm as surras que mamãe lhe dava, chorãozinho, seu bebê. Quando é de nos encararmos nos olhos, comendo feiúra um do outro, leio toda essa agonia disfarçada. Eita leitura. Fiz pouco caso do nosso estudo adiantado, pensei ter feito trabalho de aluno misturado. Era não. Nem sabia que aprendi, fiquei bobo. Misturei besteirinha de bom gosto do capeta na nossa pureza, vendi a alma pro cão. Cãozinho. Conheço você, dengo. Essas mensagens vêm esmiuçadas no segredinho do mundo, rodapé da feira diária. Ninguém nota, mas tá lá. O que vamos vivendo tem jeito de não parecer nada, mas vai ver pra ver: tem coisa. Sente que aperta esse disritmado e entende que os sentires são todos de bom grado. Assenta paz nesse peito jovem, tem novidade que vem pra queimar, tem novidade que é só jogo de dormir abraçado e falar nadinha que o valha. Foi que nem fiz na vez que veio antes e deixou marca, vai ser assim também quando o futuro abrir página. Conheço você, hortelã, coisinha. Ai! E foi por causa de estar perto. Foi passando, escorrendo pelo silêncio significado, vê se não é coisa que prova nossa esperteza? Coisa boa. Gostei de você demais.