sábado, 8 de abril de 2023

sentir tais sentimentos

Nossa! Quando arrastei o pé na areia da sala era tarde aquele dia, aquela noite, quantas vezes foram daquele sentimento que senti. Escuro só, a luz da TV um pensamento claro pulsando na têmpora: não há razão não há razão não há razão. Mas muitas vezes uma alegria ichi-e ichi-go me dominou como uma brutal certeza adquirida nesses passeios horrorosos pela areia da sala de TV. Na verdade o lamaçal da sala de TV, naquela imensa imensa solidão, mesmo tendo assinado todos os papéis para não ser sozinho, sozinho sendo. Uma certeza adquirida, então, às vezes me salvou, salvava, salva ainda portanto é uma certeza sim adquirida, embora eu a perdesse muito e, com frequência: lamaçal. Desconjuro! Sai fora ô maldição! Aqueles sentimentos mórbidos vetando pacificação. E eu me projetando num box velho, num quarto velho, eu mesmo velho, por que? Se posso dar longos e altos saltos no deserto como uma sombra sem corpo escapando dos prejuízos da gravidade, porque não poderia imaginar um futuro com sentimentos bons? Um filho, um beijo, uma lágrima de contentamento, um bolo, um frescor até, numa tarde tranquila até, uma homenagem talvez... Tudo isso e eu numa mesma frase. Ah sim! Posso sim! Sou eu quem mando, sou eu quem imagino, decreto que sim, sou eu sobre isso e ME sinto: bem.