segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Telegram- -a

Na verdade nos sentimos perdidos todo o tempo, por isso os discursos soam repetitivos. Ainda assim, sinceros. Eu me mantenho aqui dando voltas e voltas, nao sei qual é a cor do que busco, qual a fundura do pote e se alguém jamais será capaz de entorná-lo todo. Fico anestesiado, prestando atençao no caminhar silábico dos idosos, que em dias nublados - é real - parece ainda mais parcimonioso e desgatado. Tomo café e me envolvo com outros adereços da estética da poesia, criada em alguma sala de reuniao de uma grande empresa, essas coisas já tem raízes tao fortes que de fato parecem naturais, indispensáveis. O mundo dá muito mais voltas nas nossas cabeças e todo sentimento parece ganhar dimensoes monstruosas e extremas, continuo sem saber qual é a cor. Mas cada perturbaçao dos meus sentidos, seja o relevo das calçadas ou o som das línguas tortas nesse idioma amarelo, me chamam para uma beleza seletiva, é uma questao de querer se encantar ou nao, uma oportunidade de efetivar a existência do , depois da chocante constataçao do aqui, ambos num ritmo indefinido e próprio.

Existem algumas coisas que descobri de pronto nessa introspecçao voluntária a que me propus. Meu humor e minha disposiçao sao refens do clima, passeios de bicicleta sao libertadores, fotografias mistificam lugares. Nao é fácil abrir a boca sem ser convidado a qualquer hora e em qualquer lugar como um Supertramp percorrendo sua rota da redençao. As curvas entorpecentes de García Marquez sao as culpadas da minha afeiçao por palavras, os dias medem o mesmo tamanho, bem vividos ou nao, cada meia noite vem embrulhar o rascunho diário e no fim das contas percebemos que nossas histórias vivem flutuando entre três versoes discordantes de fantasia, fato e esquecimento.

Como sempre, Raízes, percebo que tenho o hábito de narrar tudo que vivo, sussurrando em voz baixa o que seria um detalhado relato das minhas impressoes, mas que me perco na transcriçao, confundo os pormenores e a ordem de prioridades. Assim que falo por falar, quem sabe me sinta olhando nos seus olhos e discursando sem regras, como fazemos sem raiva, sem tempo, quem sabe por isso. Quem sabe.

sábado, 23 de janeiro de 2010

saudade,

encho meu copo azul cheio de coisas do passado até o topo pra tentar me esvaziar. alguns me perguntam o que, outros não estão nem aí. ando fumando mais do que sempre, me fazendo vítima de um silêncio esgoíta, me fazendo de bordel.
não se preocupe, não se preocupe comigo. sua falta me estranha mas eu sinto.