terça-feira, 27 de setembro de 2011

Primavera chegou antes de mim

e o verão foi-se embora e eu fiquei.

Outonizou, invernará (com doces amigos de lá pra cá) e eu chegarei de novo a ela de peito cheio e malas prantos, pronto pra abandoná-la em gratidão.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

In between (hálito no vidro)

... moments that pleased me in a certain way will surely flow forever impressed.



(riscou com o dedo, e eu quis chorar enrolado na roupa de cama imunda: morrendo de medo das incumbências do tempo)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Portília

Lá o céu é amplo, extenso e sempre lindo. Aqui o céu tem cores cínicas, magistrais (e é sempre lindo). Lá as vias são longilíneas e tudo flui quando e quanto se pode. Aqui as ruas transam em resultados de adaptações seculares. E é lindo também. A sacada do duzentos e dezenove se desenvolve num "L" proibido e prostituto e aqui a do segundo-e é discreta num simples "P", de poltrona. Temos uma poltrona na sacada daqui, o que seria agradável de termos lá, mas lá chove sempre aquela chuva de varreduras que cuida das limpezas que não fazemos jamais. Aqui tudo é disforme e em Brasília tudo é forma se deitando pros olhos. E aqui é lindo. E lá também. Eu já mergulhei no Paranoá e no Mondego e vi o Douro e o Tejo, para além do qual há a América, onde fica este primeiro. Todos são lindos e minhas aldeias. Aqui se fala escavado e polido com as mesmas palavras com que ali não se faria igual tarefa, e aqui se rebola com o que ali se rolaria. Aqui tenho amigos furtivos e recentes sementes que me comovem como as cascudas árvores de lá. E são lindos e desejosos os dias que aqui tenho, como o são os dias que lá tive, tenho e terei. Aqui é meu tempo que sucede o meu tempo de lá e que o precede fatalmente. Lindos aquis e lás dos meus longos estares, sucessivos seres e venceres: se falas com 'tu', que sou 'eu', que vivo em ambos e que em mim vivem. Lá são segredos, aqui debocho. Aqui são banais o que ali são luxos. Aqui me desmorona e de súbito estou lá, que é meu fundo e profundo e que só é lá porque estou , já que assim, além de lindos ficam mágicos e de geografias passam a instâncias: dum tempo, dum erro e da sorte que tive de estar um ponto entre os dois extremos. Magnífica estrada que não convinha trilhar, mas (que coisa!): já trilho.

sábado, 3 de setembro de 2011

Grega (duas dívidas de amor)

Passei a tarde arrepiado com seus barulhinhos de sono, grega. Nem tive coragem de sair do quarto. Você ao meu lado, contando coisas da sua decepcionante história. Ainda estaremos nus em casa, sozinhos, subestimados. Começamos pelo meio e recomeçaremos certeiros: costas. Adoro costas. Conheci suas costas ontem e as achei tão merecedoras de mim. Costas, sua pele branca, seu sorrisinho de acalanto. Meu Deus, de onde você saiu, tão bonitinha, grega? Entra em mim. Me amarra com suas pestanas longas, quiméricas, ai (ais!). Como é que te posso chamar, grega? Como é que me aproximo, me torno íntimo? Eu te desejo com a força da fé que perdi no amor, quero destruir seu futuro, grega, me entende? Desconstruir. Rios de esperma por você, só desejo, (santa!), verdes olhos santos. Prostituta! Macho! Russa! Ai, ai. Seja feliz comigo por um dia, por essa tarde, por esse resto de sol, mas eu não posso poupar o mundo de você, grega. Volte pra lá, eu sei que você ainda quer muitas camas, muitos homens, você que é frívola e linda demais. Eu me contento com sentir seu cheiro, e brincar de falsos constrangimentos, sua pudica.

Eu não vou conseguir (se for assim, se não der jeito) (ou se você me vence, há de ser).

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Tem que ser

Desanstrato. Aparato. Desconstructo. Emotivo. Estupefacto. Elucido. Domperádoto. Competívoto. Coméçoco. Aperçôfoco. Acontécefo. Alentójeno. Catoncígeno.

Português.