sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ai

Corre pra janela e vê o moço bonito passar.

Queixo comprido, cara de sério, andado estilo macho alfa e nenhuma bunda, peito ou buceta passam desapercebido, os olhos dele engolem tudo.

Continuo observando.

Ombros largos, mãos enormes e tênis confortável. Quem? Quantos? Onde? Gosta? Quer? Gira tudo tudo tudo, que coisa mais bela.
E sem saber de nada, ele entra no carro e o vento insiste em deixar a cena completa.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Se até amanhã de manhã eu não te matar, te escreverei uma carta

Chove. Vê-se uma sala praticamente vazia e empoeirada. Apenas dois móveis: uma cadeira-namoradeira de dois lugares e um ventilador ligado em rotação bem ao lado. Uma luz fraca entra por uma suposta janela à esquerda do palco e uma lâmpada incandescente apagada presa por um fio ao teto desce quase até a altura do rosto de Juju, que está sentado na cadeira.

(entra Rosá)

Rosá (ansiosa, hesitante) - Eu vim sem querer, mas tô aqui tão feliz de te ver. Juro! Será que era pra ser assim? Será que podia ser assim? (pausa) Se eu não viesse te ver eu ía certamente morrer, eu vi a morte. Eu estava mortificada. Eu preciso perder você de alguma maneira. Eu estou mortificada. Cruz! Você... você é cruz! (chora repentinamente) Será que o amor é tudo que existe? Será que o amor é tudo que existe!? (se estapeia)

Juju não se move. Permanece olhando para frente.
Silêncio, somente os sons dos tapas que Rosá dá em si mesma.

Juju - Agora chove.

(pausa longa)

Juju - ... você tem razão..

Juju vira-se para o lado em que está Rosá ainda debatendo-se cada vez mais intensamente, ela para subitamente ao ouví-lo. Ele se levanta.

Juju - ... "o amor é tudo que existe."

Juju sai caminhando e passa por Rosá sem dar-lhe atenção. Antes de deixar o palco, abre um guarda-chuva imaginário, com o qual a cutuca. Sai.
Rosá fica no chão e chora. Depois se levanta e vai até a cadeira e beija o assento onde antes estava o rapaz. O vento do ventilador move seus cabelos. Beija cada vez mais intensa e velozmente a cadeira. Som de chuva se intensifica. Luz cai.


O tempo do amor

I. O tempo do amor é mais ou menos assim:
II. O tempo da dor do amor é mais ou menos assim:
III. O tempo em si do amor (oportuno) dura:
IV. (...) e é mais ou menos assim:

Paradigma

A arte não tem.
O amor não tem.
O amor é arte.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

É tempo de travessia

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas
Que já têm a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aosmesmos lugares.

É o tempo da travessia,
E se não ousarmos fazê-la,
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos."

F P

Flautas e Diretrizes

eu vim, mas só pra você meter a língua no meu calcanhar.

quero achar um meio de voltar e contar todas as mentiras.

eis aqui um texto cagado.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Calúnia

Eu trago a crise dentro de mim,
corroo os pastos.
Seco-os de bom grado.
Eu sou a seca, eu degenero.
Tenho os ouvidos rotos, não gritem!
Veja que não cativo, se não para torturá-lo,
homem.

Eu-trago-a-crise-dentro-de-mim:
eu tranco tuas portas
eu despejo teu gozo, surro teu sentimento.
Sou tua desgraça,
teu temeroso pacto,
o fim da tua retidão.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

- Ainda lembra disso?


Tô com uma impressão de que a vida mudou, encheu, subiu, cresceu. A gente correu o mundo e carregou o lombo. Bons pesos, bons pesos. Te carrego no meu (...) e de súbito, sou levado no seu (...). A vida não vai acabar, o mundo não vai acabar, não há futuro sem calma, que o diga sem pressa. Sigamos na toadinha jovem, em comoventes dois acordes, a voz embargada: compartilhando algumas dúvidas óbvias e algumas outras genialidades exclusivas.

- Que bom.

Mar e céu

Quando me cobre as costas,
quando voz me doa,
quando traz tudo de novo
pela primeiríssima vez.