segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ela é um pedaço não o todo

em plena segundona dei o foda-se pra alguns textos e fui pro sofá me emporcalhar. rolei gorda por todos os canais na net mas é dificil ter paciência, parei quando mostrou aquela mulherzinha de começo de filmes com a mão pra cima. alí começava o fim da minha tarde, a mulher foi a Paris, se transformou, e supostamente encontrada por ela mesma voltou pros eua. cansei da lorota e desliguei antes do fim. Fiquei pensando em como eu devo nortear minha vida, preciso sentir os frios europeus, os choros de goya, quero passar a mão de leve sobre o pelo multiplicado do cavalo de napoleão. sentir os músculos e o cheiro velho. eu estou de tpm, minhas cólicas estão me sacrificando, ando muito mal, muito mesmo, de uma forma rara. a faculdade vai no badalar das horas e meu livro parei de ler. eu não faço nada mas sempre estou fadigada, preciso sair, eu quero explodir. ficar aqui dentro me cansa e me paraliza, desenhei uma menina grande com os seios de fora e fumando e mamãe disse:
_é você?

Ela, alta.

Partes demais de um mesmo encontro.

Clara construia seus castelos na fraqueza das nuvens, mas habitava os vastos cômodos com milhares de caixas de seus dias para reler. Sentar e sentir um aperto, aquele apertozinho que seja no peito, quem sabe chorar um pouquinho e soluçar sílabas de afeto ao narrar a história para um amigo que não a conhece. O sorriso alheio a cada página, numa ignorância singela de quem não enxerga nas letras suas próprias cicatrizes, vias estreitas do passado casadas com os feitiços ferozes da memória e da saudade.

Partes demais de um mesmo encontro.

Sucessões ilusórias de sorrisos mal-feitos, expectativas pesadas sobre os seus ombros, paz de esquecimento. Clara só não suportava a angústia dos ciclos, a vida que sai pelos olhos.
Tinha medo do medo tão infeliz que invadia os poros, escapava dos muros altos das ilusões passageiras e a colocava de volta no chão, trazia para dentro de si a verdade gélida nos seus romances plageados e engessava sua dança suave num lapso.

Não se aguentava contida nessa beleza cruel que é doer, na delícia teatral que é se achar infeliz, na retórica reticente dos sonhos da juventude. Não aguentava amar livros e prantos inquebráveis e não ter tempo para devorá-los. Não aguentava diluir certezas em segundos, profanar as muralhas de seus planos incompreendidos e colocar um peso de ponto-final no peito para não saber mais quando se tira.

Clara era perdida nas canções de falácias do seu futuro e nas histórias belíssimas do seu ópio consentido. A rotina de suas horas era uma valsa infinda de mistérios de uma vida que não acaba nunca.

Era importante, e é, que apenas vivesse, e dançasse, e relesse. E vivesse.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Soupirs de jours

Tenho muito.

A essência de me ser cabe nas linhas ruivas do que é dizer, não sei ser mais que isso. Escrevi para você a semana toda, minhas Raízes, escrevi ininterruptamente e era com você que falava quando falava com o ar fresco das folhas desse caminho de sol quente que atravessa minha garganta todos os dias. Era com você que falava na ausência premonitória da noite, era com você nas facadas que me deram aquele filme, eu ensaio nossos diálogos e preencho minhas letras em nossas cartas por todo o dia, é como respirar.

Decidi que escreveria num lapso, como quem sangra, eu-hemofílico. Escrevi um texto sem pontos, não sei se na mente ou no vento, deitado nos ombros sedentos de um travesseiro e com seu quadro de infinitas cores velando meu princípio de sono, majestosamente. Era isso, tratar de correr contra o tempo, os desejos sem pudores, desejos tão saias, desejos tão flores.

Era isso, pensava: seus óculos precisam de olhos novos, conheci uma menina que me arranca o coração do peito, mas não é amor, talvez só mais uma ereção a mais ou a menos. Durmo com meu cofre vazio, só penso nele, me tornei um porco, sonhador como um porco, feliz como um porco, eu quero lhe ver logo e quero ter sede para beber um barril como agora.

Você, faça o favor de ler devagar, ainda que de baixo pra cima, você que é terrível e diz que não te magoo, você. Lembro de você sentada na cadeira amarela do Pierre e sempre sinto saudades dessa cena que se repete como chuva, sempre a mesma com outros gostos, seus dois olhos lânguidos, guiados pela facilidade cantada das palavras que inventa. Seus dois olhos falados pela voluptuosidade da boca, um perfeito casamento a três.

É isso: as manhãs são quentes demais ou frias demais, não há mais com o que se surpreender, não há mais o que julgar. Eu ouço segredos e penso até em tremer a sombrancelha com os gestos pesados dos nossos preconceitos, mas relaxo nas camas macias de um novo mundo, de um novo jeito que quero entender, aos poucos e pra sempre.

Leia, conto-lhe uma história e só pra você. É a história emendada, assim como os dias tem sido, e por isso escrever que não é mais do que o reflexo, reflete-se idêntico.

Estou com saudades, Raiz.
Viver em preto-e-branco, sair do sistema azul me fez bem, dormir de cuecas afasta o calor, meus caros amigos na minha parede e ponto final.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"esquema agora é no paco!"

foi aquela anarquia, a gente começou a beber vodka pra esperar a cerveja que o pedro tinha ido buscar. e depois de uma caixa...pelamordedios! caímos, beijamos, trocamos, fomos e voltamos. uma levíssima ressaca moral no domingo mas eu amo ver todos assim, quase ninguém entende que temos que ser assim! não digo pelo excesso de álcool mas prezo fielmente pelos desejos encarnados e escondidos, temos que praticar nossos gritos de socorro pro umbigo, fechar mais os olhos, cantar mais alto. tô me sentindo estranha e um pouco alheia a tudo isso mas fico pensando qual será a próxima coisa a se lembrar. foi legal, mas a gente tinha que ter cantado, abraçado, chorado, qualquer intensidade sincera. e de novo, vocês são todos deliciosos.