quinta-feira, 28 de abril de 2011

F. Salésio

Fresca manhã desfaz a noite
O sol penetra no escuro dormido das nascentes
Colore o corpo alegre das árvores
Traz novo fôlego à sisudez da terra

No breu lá em baixo
O céu se aumenta de infinito

em mim.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Amanhã não serei eu

Aos que andam desprevenidos, insuspeitos, confiantes: a vida a qualquer momento vai arrebentar o chão, desfigurar o céu, todo vulcão, sem pudor, despertará.

Sábios desprevenidos, se preparem (e se perdoem) para viver os pecados dessas tempestades. São cheiros e olhares, são sexos gêmeos, são pais e pais sem filhos. É carne sem memória, são dores e drogas.

É o fim do mundo.
Pra se perder. Pra se entender. Pra libertar.

sábado, 9 de abril de 2011

A porta leva à porta

Eu tenho dificuldade de trabalhar a recíproca. Tudo funciona em mim movido por dentro, mil essências e mil capilares se estendendo pela fragilidade da pele, pela branquidão dos olhos, explodindo em pedacinhos de raízes vermelhas, nos olhos, nos olhos. Tudo alcança a dimensão incrível de ouvir e chega no peito, um caminho impossível, sem pontes, sem eixos. Tudo tem mensageiros no olfato, a sisudez do olfato, o fechar de olhos no olfato. A cada passo caminhando descalço, a temperatura depreende seus códigos imensos pelas aberturinhas da pele, essas primeiras bocas, primitivas bocas, remoendo conversas por dentro do corpo, comunicando calafrios, safadezas, intenções infundadas. Bela mentira, os canais dos órgãos se traindo tão rápido, falhando incessantemente em traduzir a mensagem primeira que nasce em cima ou em baixo, quem é que sabe onde nasce? Leveza. Três mil vezes errei e ainda me sinto levemente insistente.

domingo, 3 de abril de 2011

Livre!? Não. Livre.

As coisas da vida são maiores do que as coisas da vida.

Amar talvez seja assim como um corpo sem roupa. A roupa ao lado do corpo e vice-versa. Frágeis. Corpo sem roupa e roupa sem corpo, caminhando lado a lado e na medida mesma do gesto de um, assim é o gesto de outro.


É algo assim como o incontato, o descontato. O centro do som.