sexta-feira, 26 de março de 2010

Antes de pular, parecia alto.

Nada saiu como planejado. Nem ir nem voltar dos eixos para os eixos. Assim fui me reconstruindo em paz, sem nenhuma cobrança desse presente incrível que temos vivido, tempos de boca doce de café da tarde. Tudo que é nosso, doce, nosso, tudo vira passado sem mais nem menos. É quase uma maratona de ir vivendo e amando e nos intervalos mais febris lhe escrevo minhas cartas, me entrelaço nas suas raízes de sinta-se e seus beijos de mãe precoce. Ensopada de chuva, você veio escorrendo devagar até a porta da minha casa. E aí mal deu pra gente se (vi)ver, foi infinitamente rápido tocar esse sino, mal deu pra ouvir. Num minuto a vejo sentada sorrindo numa livraria acolchoada por relíquias de línguas do mundo, tiro uma foto sua dormindo na janela com flores atrás; noutro você já está aqui de novo dizendo que nunca, que sempre, que nós, que benção... eu vim de um eu que dizia que nada disso iria acontecer e enfrentar esse espelho é um desespero, tenho medo de que as coisas jamais façam sentido, que jamais se cumpram. Eu me lembro que assisti a um ou dois filmes que me deram muita vontade de viajar aos fins de semana, sol quente na estrada, sem camisa comendo alguma besteira no banco de trás e aí... 8 da manhã tenho uma reunião fictícia na casa dessa minha ansiedade... você talvez dirija, o sol pode até ir se pondo e a gente em quase nenhum lugar, só indo, só indo... eu deito nessa minha cama novinha, amanhã talvez tenha aula, quero arrumar o meu quarto pra que ele seja bonito e eu depressivo... a gente estaciona pra ver estrelas porque fazer isso sempre nos pareceu bonito, ora direis... por isso vou juntando referências artísticas e vontade de ler, pra que... dormimos assim, sem pressa de estar, tudo se mistura... tudo se misture.

Perdi.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Calma, sincera e severina

Miserável condição essa. Tenho medo de encarar o mundo, preciso do meu aconchego pra poder suavizar o peso do dia. E não ter essa calma é de morrer. Mas enfim, essa monografia está me fazendo pensar muito, Raiz. E agora? Corro atrás dos sonhos que fui destinada a sonhar ou corro do mundo num canto escondido? Isso fica matutando, matutando, matutando. Ainda tenho muito o que inventar pra não ficar louca jogada na rua.
Brasília sempre tem um efeito amplo em mim. Hoje quando eu saí do banho, me deparei com um sol tão rotineiro, mas que me fez pensar muito. Vou tentar correr atrás desses sonhos antigos pra tentar sobreviver, comprar o que eu gosto e o que eu preciso.
Preciso produzir, estudar o que eu aprendi a gostar e que agora eu amo. Preciso me tirar daqui.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Sobre criar e, logo, existir

Fico numa sede ininterrupta que é queimadura corpo afora, corpo adentro. É meu delírio inspirador, a gente dançou bêbados esquisitos, se beijou quase que num transe. Então é como usar óculos escuros na madrugada, casaco de pele nesse fevereiro infernal, é só mais uma válvula de escape. Somos inventivos, criativos, produtores, quando é que vamos parar de consumir??? Concordei comigo mesmo que vou estabelecer processos de desapego e pouco a pouco vou sair de mim, depois voltar quem sabe outro. Estou há 4 dias sem me olhar no espelho e agora já não sei se por compromisso ou por fobia, mas espero que sinceramente seja pelos dois ou por algo muito, quiçá muuuito pior. Preciso surtar e inventar, inventar, inventar. Me apaixonei pelo surrealismo um tempo atrás e depois me esqueci dessa paixão como me esqueço de tudo, tudo mesmo. Então, de repente, me lembrei! Assim como me lembro de tudo. Bem, enfim, portanto. Me mande seus potes, pinte com guache, com óleo, com beterraba ralada. Me mande suas obras, escreva com carvão, precisamos produzir, produzir, chorar, chorar, produzir! Ai, ai. Senão o mundo vai congelar nessa avalanche a 300 milhões de kilômetros por hora e nós vamos cair durinhos no chão, sem graças como sempre. Amém.

segunda-feira, 8 de março de 2010

sentir e ser

Parece que nunca vai deixar de ser um grande círculo, uma grande brincadeira e eu perdido na minha auto-consciência, tão lúcido, tão lúcido, meus deuses. Antes tudo era sem freio. A gente se coisava aí a noite inteira naquele quintal que era um bar da alegria criadora, um começo esplendoroso. E aí choveu várias vezes na nossa selva de pedra, a gente cresceu e foi parar atrás de outras mesas em capitais federais e estaduais e isso tudo ainda é um grande conflito dentro de mim. Eu leio seus olhos e seios e batons vermelhos, seu gozos e desgostos tão bem rasgados no seu sinta-se de peito aberto e quero tanto lhe alcançar, tão longe, tão alta e longe. E aí eu entendo que continuo nisso que agora mediocremente chamo de círculo, porque me parece circular. Entendi que ando caminhando numa estrada, numa busca eterna e eu sei claramente quem sou, mais do que nunca, Johnny, Johnny be good, eu sei, eu sei, e isso me coloca fora de mim. Eu... eu... eu... eu.

Finjo?

É como se eu me narrasse de fora pra dentro o tempo todo. Excesso de auto-consciência, não se vive desse jeito, eu existo demais. Cansei de existir, quero fluir! E aí? Quero me frequentar menos vezes, pra que tanto espelho interno, tanto realismo... enlouqueci, minha esperança mora aí! A gente volta de uma viagem pra dentro de si e reencontra com o (um) mundo de que a gente tanto falava, um sonho meio fotográfico, preto-e-branco, poético. Me dê 40 anos e eu estarei em algum outra ponto dessa tangente, querendo sair, querendo escapar,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,

AH!

ser e sentir

que daqui a vinte anos haja raízes e postais. frases soltas tintadas no braço numa noite onde até a mesa tagarelava um novo começo, "riu alto, chamei raiz". brindaremos esses envelopes gordos aos 40. Haverá.