terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Na eterna véspera

Engraçado como amar é presença. Amar não deveria ter nada a ver com os fósforos Fiat Lux, nada a ver com ponto de ônibus, nada a ver com odiar a chuva. Percebi que amar está em todo lugar e que tudo pode ser propício. Engraçado como a vida é maleável e relativa quando se fala de amor. Você existe em função de uma dimensão interna de si mesmo, que jamais se prometeu possível, que não deveria ter lugar no tempo. Interessante como assim, sem menos, as coisas escolhem ser outras coisas dentro de nós e com isso o dia se torna uma imensa coletânea de momentos instáveis, sem vínculo. Ainda assim, o amor consegue preencher todos eles. O amor. Que linha estreita é essa que costura tão acertiva todos os retalhos incomunicáveis da rotina? De que infinitos para cima ou para baixo vieram esses líquidos, esse fluidos impassíveis do amor que penetram em mil camadas sem pudor nem erro? Que grande besteira ou falácia é essa sentença incorrigível, quem enviou, quem decidiu? Amar assim, por ser tão oni, tão sempre e essas palavras tão totais, jamais se explica por dentro.

E olha só, tudo já foi dito, é desesperador e ao mesmo tempo reconfortante.
Estamos todos juntos e sós.

(sem luta, com pudores)