quinta-feira, 27 de junho de 2024

É tudo tão ridículo, mas...

Essa mensagem chegou a cavalo.

Eu me lembro de ouvir o galope. Eu era magro, ainda. E tudo andava rápido, eu estava emocionado. Tudo doía, como hoje, mas de um jeito diferente, pois parecia passageiro.

Agora que a mensagem chegou, eu a vejo estampada em todos os lugares. O restaurante self-service, com essa cara horrorosa de meio dia, é um dos piores lugares. Por uma razão gástrica, óbvia, aquela máxima "tudo vira bosta" não me sai da cabeça, quando estou em um. E aí a tal mensagem se reforça em outras: todo lugar tem gente, e toda essa gente usa sapato, blusinha, make, todo mundo comendo e cagando, comendo e cagando... É de uma banalidade enlouquecedora... mas... 

Talvez por isso, sim (e então), a arte. Porque, olha só, vou lhe dizer uma coisa, eis a mensagem: ISSO TUDO QUE ESTÁ AÍ É TUDO UMA GRAN-DIS-SIS-SI-MA BOBAGEM!!!

terça-feira, 25 de junho de 2024

A ronda do galo quente me relembra o quanto é preciso enlouquecer

 Um cuidado com café depois das cinco e copadas geladas para disfarce.

Um sono descomunal durante a tarde e o despertar assim que travesseiro. 

Um sonho que demora o suficiente para atuar mil vidas.

Um atropelo libidinoso que me desfoca.

Um filho que não terei com um quase amei.

Um desejo bobo de levantar troféu bonito.

Um vulto demoníaco captado sem lentes.

Um vento frio forçado para me conchear.

Um fúnebre pedaço de alguém que sobrou.

Um verme preto em minhas veias querendo entranhar.

Um susto doce e tenebroso que virou banquete de ácaro no colchão.


segunda-feira, 17 de junho de 2024

Dois bichos

 A intimidade jogada no chão e a boca seca de manhã. Cansados e com bafo de cerveja nos salivando lentamente. Tremilique involuntário numa vontade de explodir ali mesmo, sangue e tripas escorrendo pela costela até que a gente se engula novamente.