quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Fado e facto


Eu amo.

Estes vales longos da minha rua. As pessoas que me presentearam com suas vindas, e idas. Ninguém sabe da minha felicidade vazia de sentido. Esta cidade cheia de encantos particulares, meus amigos novos, minha embriaguez severa portuense.

Voltem e não voltem para essa rua bonita. Minha Oca, meus doentes, meu número setenta. Do que tento falar, são o que tentam todos sobre suas próprias janelas, a inspiração de viver para sempre se dependesse só da grandiosidade delas, das inconcretas conclusões que temos quando lançados ao mundo através delas. Santas protuberâncias: janelas, sacadas, varandas, abismos. Hão de matar-nos e reviver-nos. Eu hoje sei que não faz sentido ser sóbrio num mundo de delírios de Liziane Guazina, maravilha brasileira. Não vale a pena ser lúcido, ou menos que embriagado. Reconheço tamanha proeza da vida.

Um amálgama: eu, esta terra, todos os efeitos da nossa reciprocidade. Tudo me é salientado com ares de despedida, porque amo, claro, posto na cruz pelo tempo.

Quanto mais tenho mais, mais sei que menos terei mais.