sábado, 11 de junho de 2011

Buracos

A intimidade é furacão derrubando casas e mão dos deuses: reconstrói. É burra. Os rincões mais obscuros se arrebentam escancarando mil portas, luzes de cinco sóis inundam os porões sujismundos da alma. Os limpam. Os sujam mais. A intimidade vira líquido denso, pasmaceira alegre, doce sabedoria da insistência. Desierarquiza as linguagens, inutiliza a fala. Impõe pavor nos corpos, vontade de dilacerarem-se no abraço mais carinhoso até um peito projetar-se no outro e tudo implodir. Arrancar pedaço. Mais perto, dentro, rasgando, sangrando, nas orelhas, nos cus, as narinas querendo inspirar espíritos. Ai que letras, nos olhos, tudo bem rápido, tudo varia, tudo entendido na gramática dos gestos. Se fosse uma cor, seria soberana nos arcos. É roupa. É nudez. Vai ficando maior e maior. Que medo! A velocidade dos códigos dos nossos órgãos tão íntimos, tudo vai ficando imenso, inapreensível, vão sendo ares e ventos, cochichos internos. Coça. Desesperada e simples, ela reinventa o mundo dentro de todas as impossibilidades possíveis. Se subleva da nossa condição. Desumana. E quando a incongruência de dois universos vira qualquer coisa que comprova o vazio da imensidão, dorzinha obsoleta, olha pra esses olhos vazios, que não sabem nem gaguejar. Olha! Olha! Vai embora e dá lugar a mais dedos e mais neurose. Tudo de todos nas minhas mãos pra me amparar nessa loucura furiosa. (por favor)