quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Zéfiro


Traça o caminho contrário do sol, contorna a terra entardecendo em duplo tempo. Rega os descoloridos pastos quase no abismo da nuca, no cativeiro escuro, no esquecimento breve que mandei sê-la. Volta a percorrer mesmas estradas: a memória.

Cospe-se: é úmida palavra. E então falo de você e de vocês pra os outros e uns, quando de repente: os reconstruo. Com tudo e com todo. Trago-os de volta do estado de ansiada germinação, saco-os dos caracóis, dos cascos, do fundo de cem gavetas, onde é que estavam?
Reabro-os e os releio.

Quanta intimidade.
Memória bem vinda.
Estúpido dom de lembrar.
Patética insegurança.

Eu quero morrer vertendo lágrimas das coisas que vivi, vi, vivi, vivi, vi, vi, vi, vi, vivi, vivi...