terça-feira, 3 de janeiro de 2012
O mundo que bonito o vê
Tenho já o percorrido.
Novos cantores, muitas cores, os abraços dos sem sexo. Pulinhos. Minhas coisas favoritas.
O mundo de alegria já começou, em linhas de quem escreve e não é escritor, chegou à maneira de meninos moles, molinhos. Está com a gente em casa velha, porque gosta. Drogados legais. Filhos abrindo os olhos dos pais. Pais menos sábios.
Eu vejo um mundo que acha bonito o mundo. Sem promessas que não irão ser. E no antigo hábito cristão, o triunfo pagão da virada dos anos, um minuto há de bons mulhomens sobre a Terra, recalcados de boas intenções, uns apertos efêmeros tomados por fé: só encanto desincronizado de relógios. Depende de onde se está, o ano dura mais ou menos, um dia a menos ou a mais em vizinhos de um mesmo mundo onde tudo dói de tão igual. Entre a ponta de um ano e outro, tudo que não se sabe é possível e a juventude é só mais um dos dons.
Eu vejo um mundo encantado pelo mundo. Nas cartas dos meus amigos, na rapsódia involuntária dos velhos portugueses sentados nos ônibus, cheíssimos de rugas, mais velhos que o mundo todo, ora, ex-conquistadores. Vejo nas desavenças, no rio, esteja sóbrio ou ébrio, eis uma conclusão agradável. Que ama a si, e muito ama, o mundo em que estou. Um imenso e imensurável prepotente que nos acolhe e bem.
(começo a entender grandes poetas sem consagrá-los. Redundante, portanto.)