sábado, 9 de abril de 2011
A porta leva à porta
Eu tenho dificuldade de trabalhar a recíproca. Tudo funciona em mim movido por dentro, mil essências e mil capilares se estendendo pela fragilidade da pele, pela branquidão dos olhos, explodindo em pedacinhos de raízes vermelhas, nos olhos, nos olhos. Tudo alcança a dimensão incrível de ouvir e chega no peito, um caminho impossível, sem pontes, sem eixos. Tudo tem mensageiros no olfato, a sisudez do olfato, o fechar de olhos no olfato. A cada passo caminhando descalço, a temperatura depreende seus códigos imensos pelas aberturinhas da pele, essas primeiras bocas, primitivas bocas, remoendo conversas por dentro do corpo, comunicando calafrios, safadezas, intenções infundadas. Bela mentira, os canais dos órgãos se traindo tão rápido, falhando incessantemente em traduzir a mensagem primeira que nasce em cima ou em baixo, quem é que sabe onde nasce? Leveza. Três mil vezes errei e ainda me sinto levemente insistente.