e o pior é que agora é assim. toda vez que eu sinto vindo um ímpeto - e parece cada vez mais difícil - o trem atravessa lá em cima a sanidade. eu não aguento... pior: aguento sim! agora estou com dores no peito... eu viajei tanto... estou viajando menos. estou parado. é tão pouca autoestima às vezes / auto cobrança irmã gêmea siamesa / que concluo que realmente a experiência não serve para nada. vou ver as fotos para me lembrar! ver os textos, ouvir as pessoas, ver as crianças! porque acho que é verdade, era verdade: a gente esquece... Como disse você, o tempo dilui a gente enquanto a gente está ali resolvendo alguma coisa que tem durado desde então. nem! que preguiça. cadê eu? existe? existia? sim, tá bem... ele está aqui. o espírito... mas quero os feitos, os dinheuros... os louros... por que não? ser laureado... ser belo e bem vestido.... esses sonhos comuns me tiraram do eixo... mas também me fizeram crescer. e mesmo sem tabagismo pode ser que esteja infartando. olha que bosta! um streeeeesss, menina, cê precisa de ver. que streeeeesss. Nuh! chega a ser patético me estressar tanto a escolha de ser artista sendo que a escolha foi cavada sob a promessa de liberdade. nada a ver, né! achei que iria ser a Susana Vieira? só pode. minha cena na banheira ainda vai chegar... mas eu queria ser mesmo era Madre Tereza... alguém que emociona. alguém que emociona, viu... que coisa linda. que santo poder. que santa responsabilidade. é hora de investir em ver de novo beleza numa sacola plástica voando no vento. se não, infarta, fi. infarta, sim. é hora de recuperar a fé na vida. não tô zoando, não tô zoando. acreditar na sorte. aceitar a generosidade como presente. sentar o banquinho na porta da rua e esperar sentado, vir.. lá na curva da terra plana... devagar o cocoruto aparecendo... lenta... sem obrigações, sem garantias, mas vindo sempre... sempre vindo: uma esperança