segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Gênese

um algo. um algo em mim, que é indispensável para ser o mundo. o mundo precisa de mim. o mundo tem minhas cores e 'navega nele' navegantes e outros rios. de mim nasce uma corrente às vezes turva e sempre mágica, em si, encantadora e trágica que intempestiva o retalha e modifica. todo o tempo. todo o tempo, eu e o mundo, eu, meu-mundo, nós-mundo, nós no mundo, cada qual um só em muitos. cosmos? como? comos? de que maneiras, em quantos átrios e salões do corpo, dos corpos, das zil origens, dos sem fim de histórias, de que peitos e ideias foi parido o universo percebido pela espécie? minha piscininha de plástico e a ursa-maior, tão íntimos. escorpião, o pião e o mau-gosto pelo futebol, tudo em órbita num universo: eu-planeta, desgraçando a história da humanidade a partir do meu umbigo! quanta generosa prepotência nasce aqui. dum rio que começa numa manhã de domingo e desemboca nos corações de toda a gente, como decidida poesia, ora suave, ora intranquila. por vezes mata, por vezes arrefece.