quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Uma gota precipita

o céu abaixou com a chegada de grandes nuvens. Uma certeza ainda (e sempre) se mantem intacta dentro de mim, uma frágil certeza atrelada aos porquês arriscando ataques. Uma certeza esquiva, fecunda, ávida e vigorosa. O movimento do lago não é o abalo da vida de um homem. É só o movimento de um lago, um inseto que incomoda, um capim sem-fim que se espalha, revolta, queima, renasce. Tudo parado num fluxo. Nenhum abalo, dor ou comiseração, nada a ver com os homens, os cadáveres apodrecendo, as muitas e muitas centenas de manuais de família. Uma alegria sem pulso desata: sem origem, sem tempo. Alegria sem coração, razão, sangue e que autoriza o dia e as luzes do dia, lar de muitas danças, quantas. Quanta alegria num mundo enlutado, negro e tão atento ao mistério da dor. (Eu carregando uma certeza inflada e competente). O céu vai passeando em seu movimento autônomo. Nós de carona.