quarta-feira, 17 de março de 2010

Sobre criar e, logo, existir

Fico numa sede ininterrupta que é queimadura corpo afora, corpo adentro. É meu delírio inspirador, a gente dançou bêbados esquisitos, se beijou quase que num transe. Então é como usar óculos escuros na madrugada, casaco de pele nesse fevereiro infernal, é só mais uma válvula de escape. Somos inventivos, criativos, produtores, quando é que vamos parar de consumir??? Concordei comigo mesmo que vou estabelecer processos de desapego e pouco a pouco vou sair de mim, depois voltar quem sabe outro. Estou há 4 dias sem me olhar no espelho e agora já não sei se por compromisso ou por fobia, mas espero que sinceramente seja pelos dois ou por algo muito, quiçá muuuito pior. Preciso surtar e inventar, inventar, inventar. Me apaixonei pelo surrealismo um tempo atrás e depois me esqueci dessa paixão como me esqueço de tudo, tudo mesmo. Então, de repente, me lembrei! Assim como me lembro de tudo. Bem, enfim, portanto. Me mande seus potes, pinte com guache, com óleo, com beterraba ralada. Me mande suas obras, escreva com carvão, precisamos produzir, produzir, chorar, chorar, produzir! Ai, ai. Senão o mundo vai congelar nessa avalanche a 300 milhões de kilômetros por hora e nós vamos cair durinhos no chão, sem graças como sempre. Amém.