quarta-feira, 15 de julho de 2009

Julho

Perceba, Raiz. Como os dias de julho são belos.

As manhãs azulíssimas me arrancam de uma cama no chão - lençóis que se arrastam amassados por horas e horas de férias - e me fazem ver que a TV é pouquíssimo convidativa.

São dias de tardes macias, úmidas, que acariciam a face e esfriam a pele como num sopro pra sarar feridinha. Tardes que morrem no café das 6, perfurando as janelas felizes com raios laranjas tortos e um adeus que grita.
São pôres-do-sol fantásticos, majestosos, esquecidos da própria beleza. Desarmam nossas certezas pouco sinceras e pausam o rio fútil que corre na mente, pra estampar a felicidade nos olhos. Podem ser vistos por dentro de nossas imensas pupilas brilhantes e fundo no infinito, correndo vivo no sangue, até se esconder por trás do último prédio ou montanha, a caminho do Japão.

São dias de noites frescas e vivas, ensaiando a aurora do dia seguinte, preparando o céu com estrelas contadas a dedo, sorteadas por glória, estancando segredos de inverno e emoldurando namoricos na grama.

Julho é a casa dos meus sonhos, a valsa das minhas cores.

Sinto,
e muito.