quarta-feira, 29 de abril de 2009

No caso de eu morrer bem cedo,

não chorem.

Quis dias mais bem feitos, goles mais doces, mas não me amem nos retratos mais do que nesses poucos abraços. Não me entendam, não cantem um falso acorde que recorde meus sonhos. Não teçam histórias belíssimas, não endeusem meus feitos, não canonizem meus dias.

A vida é um gole só de tanto ser. Coisa de pele que não respeita o seu dinheiro excessivo e o meu pouco amar. Vida vazia em bares que nos fazem falar. Desejos verdes, soltos, escondidinhos nos ossos, um eternamente quis te beijar, um dia na chuva e o outro na cama. Tanto não de se fechar por dentro. Saudade que mata e não leva, a vida em letras borradas, o peito que arde, o amigo que dói, meus pais tão tiranos num altar que não cai. Incomplitudes sem fim... e morro.

Desculpe, meu bem. Deixei tanta coisa espalhada na casa.

Apague a lareira, responda minhas cartas.